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A necessidade de combater as alterações climáticas e a vontade de contribuir para um planeta mais limpo e sustentável levaram à aceleração do carro elétrico no mercado. A isto juntaram-se os esforços dos vários operadores, da procura à oferta, passando pelos apoios do Estado e outras entidades. Aliás, a tendência de procura por veículos com motores elétricos chegou para ficar e tem crescido de forma acentuada e sustentável.

Em Portugal, e no resto do mundo, os números ajudam a comprová-lo. Entre 2020 e 2022, as vendas de viaturas 100% elétricas cresceram 149%. O ano de 2023 fechou com um novo recorde anual na quota de mercado dos elétricos de passageiros: 28,5%.

Já o ano de 2024 começou bem para os carros que usam energias alternativas, revelou um relatório do Ministério da Economia: nos dois primeiros meses do ano, 50,4% dos ligeiros de passageiros matriculados novos eram movidos a outros tipos de energia, com destaque para os elétricos e híbridos, cada um com uma fatia respetiva de 15,7% e 14,9%.

Nas frotas empresariais também há boas notícias para a mobilidade sustentável: as vendas de ligeiros elétricos de mercadorias subiu, no final dos primeiros quatro meses deste ano. Tal como avançado pelo Observatório da Mobilidade Elétrica, cada vez se nota mais a entrada de veículos pesados (devido ao esforço das autarquias), mas também de alguns pesados de mercadorias, cuja oferta já está disponível para venda. Nesta procura por uma mobilidade mais sustentável, nem os ciclomotores, motociclos ou quadriciclos ficam de fora.

A nível internacional, a tendência é semelhante, sendo de esperar que a Europa conte com 240 milhões de carros elétricos nas suas estradas em 2030, de acordo como a Agência Internacional de Energia. Um número oito vezes maior do que os 30 milhões matriculados em 2022. Em todo o mundo, o valor deste mercado chegará aos 1,4 triliões de euros, até 2029. Os veículos 100% elétricos lideram esta tendência, impulsionados por melhorias tecnológicas e reforço da infraestrutura de carregamento.

Vale a pena comprar carro elétrico?

Comprar um carro elétrico é, para muitos, uma compra inteligente, já que poupam duplamente: a carteira e o ambiente. Mas há várias razões para o aumento da mobilidade elétrica e é importante conhecê-las.

Benefícios ambientais

Os veículos elétricos não emitem gases com efeito de estufa, o que contribui, e muito, para a qualidade do ar e para a redução do aquecimento global;
Tanto os particulares como as empresas que fazem escolhas mais sustentáveis são percecionados como amigos do ambiente e ativos na construção de um mundo melhor (e mais limpo);
Os veículos elétricos são mais eficientes em termos de consumo de energia, um fator relevante tanto para particulares como para empresas.

Inovação tecnológica 

Os vários construtores estão constantemente a introduzir múltiplas inovações, em especial ao nível da eficiência, o que torna estes carros mais atrativos. E, claro, se há procura, a oferta responde. Por isso, hoje a gama de modelos elétricos é transversal a todos os segmentos, "targets" e fabricantes.

Benefícios fiscais 

Os vários operadores têm juntado esforços para incentivar a compra de veículos elétricos ou híbridos

Incentivos criados pelo Estado


Carros 100% elétricos: o Estado ajuda na compra de carros elétricos e quem adquirir um modelo 100% elétrico pode candidatar-se a um benefício de 4.000€.

Incentivos fiscais

Carros 100% elétricos: estão isentos do Imposto sobre Veículos (ISV) e do Imposto Único de Circulação (IUC);
Híbridos: Redução de 40% do ISV para veículos com autonomia mínima de 50 km em modo elétrico e emissões inferiores a 50 gCO₂/km;
Híbridos plug-in: Redução de 75% do ISV para automóveis com autonomia mínima de 50 km em modo elétrico e emissões inferiores a 50 gCO₂/km.

Incentivos municipais

Algumas autarquias oferecem benefícios, como estacionamento gratuito ou descontos para carros elétricos. 

O futuro vai ser dos veículos 100% elétricos?

Quando se junta o útil ao agradável, percebe-se que a ecomobilidade e os combustíveis verdes são as novas palavras de ordem. Aliás, basta estar atento ao que se vai passando no setor e aos estudos de algumas consultoras para perceber que o futuro é atrativo, apesar dos inevitáveis desafios.

Quero comprar um carro elétrico: o que posso esperar? 

Para responder a uma cada vez maior e exigente procura por parte dos consumidores, a oferta de veículos 100% elétricos vai certamente continuar a surpreender-nos. Além disso, há cada vez mais fabricantes automóveis a virarem a atenção para este mercado e são poucos os que não incluem uma crescente proposta elétrica na sua oferta. E, quanto maior a oferta, maiores as vantagens para os consumidores. 

De acordo com as mais recentes tendências no setor automóvel, as possibilidades multiplicam-se no que toca aos elétricos.

Novo design e engenharia 

Maximização da eficiência aerodinâmica, para reduzir o atrito do ar. O que impacta positivamente a eficiência energética;
Colocação de painéis solares na carroçaria, para estarem sempre a gerar energia;
Utilização de materiais cada vez mais amigos do ambiente, ecológicos e recicláveis.

Tecnologia marcada pela inovação 

Sendo sempre apontadas como uma das barreiras na expansão dos carros elétricos, é de esperar que as baterias se tornem menores, mais leves, mas bem mais eficientes. Assim sendo, as viaturas elétricas tornam-se mais práticas e atrativas;
Também os sistemas de arrefecimento tenderão a ser mais eficientes, o que ajudará a manter as baterias e os componentes eletrónicos na temperatura ideal;
Tecnologias avançadas de recuperação de energia aproveitam a travagem para recarregar as baterias;
É de esperar que, a curto prazo, estes veículos integrem novos sistemas de condução autónoma, tornando-a mais segura e conveniente. Entre estas, contam-se tecnologias como controlo de cruzeiro adaptativo ou o reconhecimento do ambiente em redor. No limite, o condutor será mais um passageiro;
Conectividade avançada: a integração de várias ferramentas tecnológicas irá proporcionar entretenimento, comunicação e segurança de ponta a quem conduz ou viaja nestes veículos.

A infraestrutura de carregamento vai continuar a crescer? 

À medida que aumenta a circulação de carros elétricos um pouco por todo o mundo, a infraestrutura de carregamento tem de acompanhar esse crescimento, ainda que isso obrigue a novos investimentos.

O Conselho Europeu publicou uma diretiva que pretende reforçar a infraestrutura de carregamento de veículos elétricos, bem como a de outros combustíveis alternativos, como o hidrogénio, e é aplicável ao transporte terrestre, marítimo e aéreo. Assim, entre 2025 e 2030, em cada Estado-Membro o número de carregadores e potência disponível na rede de carregamento terá de ser proporcional ao número de veículos existentes e as principais estradas terão de ter postos de carregamento de 150 kW a cada 60 km.

Evolução dos preços 

Apesar de serem mais caros do que os veículos a combustão, a venda de automóveis com motor elétrico disparou nos últimos anos, o que prova que o preço não é um fator determinante. Ainda assim, já existem, hoje, alternativas com preços bastante competitivos.

De acordo com alguns estudos económicos, a curto prazo (entre 2025 e 2027), o preço dos automóveis elétricos será equivalente ao dos mesmos modelos, mas a combustão fóssil. Isto sem depender de incentivos fiscais para isso.

Mercado de usados em expansão 

Se a isto juntarmos o crescimento do mercado de usados elétricos, então, o fator preço terá ainda menos peso na decisão de compra. Afinal, à medida que a tecnologia evolui e a adoção de veículos elétricos aumenta, a oferta de modelos usados também cresce. 

Qual o melhor carro elétrico do mercado?

Cada consumidor terá de encontrar a resposta adequada a esta pergunta, em função das suas necessidades, preferências e orçamento disponível. Ainda assim, fica uma pequena dica: os cinco maiores fabricantes a nível mundial são a "BYD Motors", a "General Motors", a "Renault", a "Tesla" e a "Volkswagen".

Veículos elétricos ou a hidrogénio? 

Será que os carros a hidrogénio poderão ultrapassar as vendas de carros elétricos? É certo que este tipo de veículos é bem mais interessante do que os a combustão, uma vez que são menos poluentes. Numa comparação direta com os carros elétricos, os a hidrogénio também se destacam, uma vez que utilizam células de combustível para gerar energia, conseguindo assim uma maior autonomia. Além disso, o hidrogénio é uma fonte de energia limpa, quando produzido mediante eletrólise.

No entanto, apesar da maior autonomia, dos abastecimentos mais rápidos e de serem zero poluentes, os veículos a hidrogénio dispõem de uma infraestrutura limitada de abastecimento. Além disso, a produção e o armazenamento de hidrogénio exige uma logística diferente. 

Tudo isto significa que os veículos a hidrogénio têm potencial e uma palavra a dizer no futuro da mobilidade sustentável, mas em especial no caso de pesados, como camiões ou autocarros. Para o resto do mercado, os veículos elétricos continuarão a fazer todo o sentido.

A mobilidade suave ameaça os carros elétricos? 

As opções de transportes com motor elétrico multiplicam-se, dos ligeiros de passageiros de passageiros aos comerciais, passando por autocarros, motociclos, trotinetes, bicicletas e tantos outros. No entanto, nada indica que a mobilidade suave irá "abafar" a elétrica. Assim, complementaridade e coexistência serão as palavras de ordem. A verdade é que estes dois conceitos podem até ser aliados importantes. Por exemplo, os condutores podem usar os seus carros elétricos, para deslocações mais longas, e usarem trotinetes ou bicicletas elétricas para percorrerem curtas distâncias, entre o estacionamento e o destino final. Também podem optar por estes veículos para evitar pagar estacionamento, ou para facilitar a circulação em áreas urbanas congestionadas.

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